quinta-feira, 31 de outubro de 2013

TURISMO: ESTRADA PARQUE SUL MATO GROSSENSE


Mais que uma estrada de terra, um Zoológico a céu aberto




 Sobre a estrada


A Estrada Parque surgiu inicialmente de uma trilha aberta pelo Marechal Cândido Rondon, que projetou uma linha telegráfica pelo percurso para fazer a ligação com Corumbá-MS no final do século XIX. A casa do telégrafo foi construída onde é hoje o Porto da Manga que, através de uma balsa, até 1986, era a única ligação por terra entre Miranda-MS e Corumbá-MS. Depois disso surgiu a BR-262 que fazia essa ligação com a travessia por balsa pelo Rio Paraguai. Travessia essa que fiz em solitário em Janeiro de 1996 com asfalto precário rumo a Bolívia, Peru, Chile e Argentina. Hoje, essa estrada se encontra em ótima qualidade e a travessia é feita por uma ponte em forma de arco pela BR-262, mas a Estrada Parque mudou pouco!
Cortando o Pantanal, a estrada atravessa vários “pantanais”: Miranda, Abobral, Nhecolândia e Paraguai. Seu caminho continua por estrada de terra e areia, as vezes alguns metros acima do nível da água e outras, quase no mesmo nível. Dependendo da época do ano,  a estrada está abaixo dele, tornando praticamente impossível sua travessia.
No percurso todo por terra de 120 quilômetros, do Buraco das Piranhas até Corumbá, serão mais de 60 pontes de madeira, uma ponte imponente de concreto recentemente construída sobre o Rio Miranda, varias pousadas, campings e hotéis fazenda e uma travessia de balsa pelo Rio Paraguay.

Muito para ver

A estrada atrai muitos turistas devido ao alto índice de animais que podem ser avistados durante seu percurso. O grande sonho é a onça pintada! Moradora da região, é vista “passeando” pela estrada com uma certa frequência mas, sem hora e local marcados, é na pura sorte e paciência! Fora ela, inúmeros jacarés, capivaras, ariranhas, cervos do pantanal, antas, quatis....isso sem contar a infinidade de pássaros! Em diferentes cores, espécies e tamanhos como: Tuiuiu, garça, gavião, martin-pescador, arara, colhereiro, curicacas, cabeça-seca....que se reúnem para romper o silêncio da mata com suas sinfonias e cantos dos mais váriados tipos e tons. Escolhendo a época certa, o show é garantido!
  

Início

Partindo de Miranda-MS no sentido de Corumbá-MS, após rodar aproximadamente 110 quilômetros, estará chegando ao Posto da Polícia Militar Ambiental “Buraco das Piranhas”, na rotatória, peque a direita e saia do asfalto, esse é o início da Estrada Parque.
Daí em diante não tem o que errar, é só seguir em frente desfrutando do visual e suas paisagens.
A primeira surpresa será 7 quilômetros a frente. Uma nova ponte de concreto em forma de arco sobre o Rio Miranda contrasta com o visual mais rústico de toda estrada. Após essa ponte, dezenas de pontes de madeira virão, juntamente com entradas de fazenda, pousadas e acampamentos. Uma coisa comum nessa estrada são as comitivas. Normalmente precedida por um peão sobre sua mula e outras mais acompanhando carregada com o equipamento de cozinha onde, saindo antes, o cozinheiro escolhe o lugar e prepara o almoço para os outros peões, que vem em seguida conduzindo dezenas, centenas ou até milhares de bois e vacas. Se encontrar algo assim, cruze com cuidado e bem devagar. Depois de rodar aproximadamente 43 quilômetros, chegará a Curva do Leque, onde encontrará um bar que pode servir de ponto de apoio para água e alguma coisa para comer. Nesse ponto, siga para esquerda e, depois de aproximadamente 17 quilômetros estará as margens do Rio Paraguai. Na outra margem, o Porto da Manga, que mediante pagamento, pode ser alcançado fazendo uma travessia de balsa. 
Destino de muitos pescadores do Brasil, o Porto da Manga tem uma infra estrutura voltada para o turismo da pesca que garante o sustento de várias famílias que vivem desse mercado todo ano! É outro ponto que pode servir de apoio com hospedagem e algo para se alimentar. Mas não saia contando com isso, é uma opção no caso de necessidade apenas, pois nas temporadas normalmente não há vagas!
A partir daí, serão mais aproximados 60 quilômetros até a cidade de Corumbá.
No caminho, um acidente geográfico: O Maciço do Urucum! Considerada uma das maiores reservas de Manganês do mundo, é na sua transposição em aproximados 1000 metros de altitude, que temos uma das mais belas vistas da planície pantaneira, com altitude média pouco acima de 100 metros. Aproveite a vista.
Depois é só seguir até a cidade de Corumbá-MS, que faz fronteira com a Bolívia.

Quando ir
Os melhores meses para percorrer a estrada é de Julho a Setembro, sendo que antes, devido as chuvas, as chances das estradas estarem submersas são grandes e depois, pode estar muito baixo e mais difícil de avistar os animais.


Dicas: 
Se informe a respeito das condições da estrada antes de sair, o tempo anda imprevisível.
A balsa do Porto da Manga não funciona 24 hs, se programe para chegar durante o dia para a travessia.
Vá em velocidade baixa pois animais cruzam a estrada com certa frequência.
Calcule a partir de Miranda, uma autonomia de no mínimo 250 quilômetros para chegar a Corumbá.
Para melhor aproveitar da região, considere dormir pelo menos uma noite pela Estrada Parque, existem boas opções de hospedagem.
Pista simples em todo Mato Grosso do Sul e animais cruzando a pista. Cuidado.
Reserve as pousadas antes de sair para não correr riscos desnecessários.
As pousadas na Estrada Parque oferecem pensão completa e passeios variados.


Onde ficar:
Corumbá: Pousada beija Flor - www.pousadabeijaflor.altervista.org
Miranda: Pousada Águas do Pantanal - www.aguasdopantanal.com.br
Estrada Parque: Pousada Xaraés - www.xaraes.com.br
                           Pousada e Camping Santa Clara - www.pantanalsantaclara.com.br

Como chegar:
Saindo de São Paulo serão aproximados 1330 quilômetros: Siga a Rod. Pres. Castelo Branco até o final e pegue a Rod. Eng. João Baptista Cabral Renno. Depois continue pela Rod. Orlando Quagliato  para Ourinhos. Depois a Rod. Raposo Tavares leva para Assis e Presidente Prudente e Epitácio, já na divisa.. Cruze a divisa de estado SP/MS sobre o Rio Paraná e siga para Bataguassu, Nova Alvorada do Sul e Campo Grande. Antes de entrar em Campo Grande, siga o anél viário a esquerda para Terenos, Aquidauana e Miranda. Após 110 quilômetros de Miranda, na rotatória, se inicia a Estrada Parque.

sábado, 26 de outubro de 2013

FESTIVAL DAS EMOÇÕES - PIAUI




Belíssimas paisagens e muita adrenalina no norte do país.


O que é?

De 18 a 20 de Outubro aconteceu no Piauí o Festival das Emoções! 
Organizado pela Radical Produções, um evento que uniu negócios, esportes e ecoturismo!


Corrida Cross Country, GP Delta de Ciclismo, Arena Kite Brasil e Enduro das Dunas, o Piauí estava tomado de atletas de diversas modalidades e muita emoção estava garantida!
Presente em todos os eventos que aconteceram nesses dias, que, somado aos lugares paradisíacos, o alto astral do público, mais o sol forte, areia por todos os lados e muito, muito vento, o resultado não podia ser outro: Foi incrível!!





O evento começou no sábado de manhã com a corrida Cross Country, individual (6km) ou em equipe (21km), e, para a alegria de todos, as 8hs da manhã o termômetro já marcava 33 graus!!






Em seguida largou o GP Delta de Ciclismo, com percursos de 150km e 75km. O forte vento durante toda a prova, exigiu muito dos ciclistas e, paisagens belíssimas ajudavam a manter o ritmo. 
Um fato interessante dessa prova, foi causada já no percurso de volta. As dunas, em movimentação constante, cobriram parte da rodovia, obrigando os ciclistas carregarem suas bikes por alguns metros.  Carros e motos precisaram de ajuda para atravessar a areia. Nem a polícia passou sem ajuda!
Nosso piloto, experiente da região deu um show com seu carro de passeio, passando direto onde todos empurravam! Muito bom Ravi!




 Fui ver o Arena Kite Surf também que, devido a beleza do lugar e as cores vivas dos Kites, proporcionaram imagens incríveis! 



Uma curiosidade foi que, a maré se encarregou de marcar o horário de início das provas. Quando cheguei a maré estava muito baixa, como se pode ver nas fotos!






E por fim, o Enduro das Dunas. 
Realizado em uma pista de 5,4km, totalmente em areia natural, um vento forte e constante e o sol forte, fizeram a alegria de quem esteve presente! 








Com várias categorias, uma em especial chamou a atenção: US (Utility Sport) - para motos de rua nacionais como CG, Fazer, ....os pilotos deram um show na pista de areia!!












Enfim, como pode-se observar nas fotos, o Piauí é um lugar incrível para ser visitado e pouco conhecido. Existe outra matéria nesse blog a respeito e outras virão! Olhem como uma ótima opção de turismo!!


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

PANTANAL SUL MATO GROSSENSE


Explorando o Pantanal

O Pantanal ocupa grande parte da região centro oeste brasileira e também, partes de Bolívia, Paraguai e Argentina.
Com estimados 150.000 km2 divididos entre os estados de Mato Grosso (37%) e Mato Grosso do Sul (63%), essa planície com leve ondulação e poucos morros isolados, é limitada por chapadas, serras e maciços. Muito irrigada por uma grande quantidade de rios pertencentes a Bacia do Paraguai, tem com as chuvas do verão, grande parte de sua área inundada devido ao “encharcamento” do solo. Nessa época, devido ao acumúlo de águas, as planícies se juntam com as águas dos rios transformando grande parte da região em um imenso alagado, deixando o acesso por terra praticamente impossível.
Dividido em grandes fazendas com áreas do tamanho de cidades, a pecuária extensiva é a principal atividade na região, única que conseguiu se estabelecer com sucesso devido a força da natureza.

Micro-regiões

O Pantanal brasileiro está dividido em 11 micro-regiões, definidos como Pantanais de:  Cáceres, Poconé e Barão de Melgaço na região do Mato Grosso e,  no estado do Mato Grosso do Sul: Porto Murtinho, Paraguai, Nabileque, Miranda, Aquidauana, Abobral, Nehcolândia e Paiaguás.
Nesse roteiro, passamos por quatro deles: Nhecolândia, Abobral, Miranda e Aquidauana.

A fauna e flora

Com a chegada do inverno e a ausência de chuvas, o Pantanal começa a secar! É onde acontece a magia da vida. 
As regiões alagadas formam imensas lagoas, verdadeiros berçários de aproximadamente 280 espécies de peixes. Essas lagoas, com a ausência de chuva, vão secando, se tornando mais rasas, atraindo mais de 600 espécies de aves que vão se alimentar fartamente. Isso tudo, sem contar as outras espécies: 90 de mamíferos, 50 de répteis e aproximadamente 1500 espécies de plantas.

O Clima

A região é dividida em quatro estações distintas: seca (Junho a Setembro), enchente (Outubro a Dezembro), cheia (Janeiro a Março) e vazante (Abril e Maio)

A realidade pantaneira

As fazendas, algumas com sua pista de pouso particular, vivem em uma realidade muito diferente das outras regiões do brasil. Muitas ainda dependem da energia oriunda do gerador a diesel para fazer funcionar equipamentos básicos para nós como: telefone, geladeira, televisão, ar-condicionado, freezer, máquina de gelo, computador e, muito raro, até internet WiFi. Outras, mais simples ou isoladas, nem isso. É comum ao passar por algumas delas vermos uma “pequena casa” fechada de tela mosquiteiro com carne salgadas e penduradas em espécies de varais, literalmente secando.
Também é fato comum em uma fazenda sem energia, deixar um freezer na fazenda vizinha (50km) que possui energia para estocar ítens de sua necessidade. No Nosso roteiro, presenciamos esse fato onde, indicados por um pantaneiro, seguimos o rastro de seu quadriciclo de dois dias antes, quando o mesmo foi buscar uma barra de gelo no freezer do vizinho, para conservar a vacina do gado.
Em caso de necessidade, o hospital mais próximo está a muitas horas de carro, dezenas de porteiras ou, em casos mais raros, poucas horas de avião.

As comitivas
Comum encontrar com elas, surgiram com a necessidade de transportar o gado para fugir da extrema cheia ou extrema seca, outras, são formadas para conduzir o gado vendido/comprado de uma fazenda para outra, em viagens que podem durar meses! Sempre a frente, o cozinheiro vai como “ponteiro”, juntamente com suas mulas carregando as “tralhas” para preparar um Arroz Carreteiro, talvez um Puchero...no próximo acampamento.


Escola no Pantanal

Em poucas fazendas encontra-se crianças, devido a dificuldade ao acesso a educação, muitos abrem mão da vida pantaneira para proporcionar estudos aso filhos. São raras as fazendas que matém uma escola, em regime de internato, recebendo as crianças das fazendas vizinhas. Com um custo e responsabilidade elevados, dificuldades de encontrar professores e falta de apoio, fica cada vez mais difícil mantê-las.

O que fazer

Escolha as pousadas pelo caminho para passar alguns dias antes de seguir adiante, elas oferecem diversos passeios como cavalgada, observação de pássaros e animais, focagem de Jacaré, passeio de canos, além de exelente atendimento, ótimas instalações, comida de qualidade e uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da história da região em uma “roda de Téréré”, antes de seguir viagem.

As estradas

Para quem sai de São Paulo, irá rodar aproximadamente 3200 quilômetros, desses, a maioria de asfalto muito bem cuidado, apesar de pista simples no Mato Grosso do Sul e  aproximadamente 500 quilômetros em aterro, estradas de terra, areia e pasto. Quando sair do aterro para as estradas das fazendas, se prepare para muitas porteiras, simbras e colchetes, que, com as propriedades divididas por cercas, é a única maneira de seguir Pantanal adentro.
Os caminhos revelam surpresas o tempo todo: Veados, Porcos Monteiro, Catetos, Jacarés, Emas, Tatus, famílias de Capivaras, Tuiuius, Cabeças-Secas, Colhereiros, Araras, Garças, e, com um pouco mais de sorte como tivemos, uma Onça Pintada caminhando calmamente, enfim...é inesquecível! 
As “estradas” que ligam as fazendas não se parecem com simples estradas de terra. As vezes são sulcos dos rodeiros dos veículos, outras só areia e algumas trilhas no meio do pasto. Como é pouco o movimento, é raro encontrar outro veículo e, informação, pode demorar quilômetros para conseguir.
Em alguns casos a estrada se ramifica. Devido ao nível da água ir mudando, caminhos alternativos vão surgindo, para levar ao mesmo destino, enfim, vários momentos de dúvidas surgirão!
Devido a baixa velocidade média, as distâncias demoram a ser vencidas. Para ter uma idéia, demoramos 10 horas para rodar 180km.
A aventura está garantida!


Roteiro

O primeiro destino é Campo Grande-MS, capital do estado, quase 1000km de São Paulo, que pode ser feito pela Rod. Castelo Branco até a saída 210 (para Botucatu) e siga pela Rod. Prof. João Hipólito Martins, depois pegue a saida 20 B (Bauru) para a Rod. Marechal Rondon. Siga até a divisa SP/MS em pista dupla pela Rod. Marechal Rondon e depois, em pista simples, Três Lagoas (MS) totalizando aproximadamente 670 quilômetros.  Depois rode mais 330 quilômetros aproximadamente, passando por Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. De Campo Grande, siga para Rochedo (MS-080) e (MS-244 e MS-352) para Rio Negro, totalizando 150 quilômetros. Daí para frente começa a estrada de terra, serão aproximadamente 63 quilômetros até o Corixão e mais 26 quilômetros até a saída do aterro para as estradas das fazendas. Daí em diante é prudente ter um guia que conheça a região para depois de alguns dias e mais 350km aproximadamente estar chegando a Curva do Leque e começar a retornar para São Paulo.
O retorno pode ser por um caminho diferente: Da Curva do Leque segue para Miranda, Aquidauana e Terenos pela BR-262 e depois, pelo anel viário, siga para Nova Alvorada do Sul (BR-163) e BR-267 para Bataguassu. Em seguida cruze o rio para Presidente Epitácio e siga pela Rod. Raposo Tavares passando por Presidente Prudente, Assis, Ourinhos e Rod. Pres. Castelo Branco direto para São Paulo, totalizando 1250 quilometros aproximadamente.


Onde ficar no Pantanal

Pousada Caburé: www.pousadacabure.com.br

Hotel Fazenda Baía das Pedras: www.baiadaspedras.com.br 

A moto

A moto usada nesse roteiro foi uma Sherco 450 ano 2012 gentilmente oferecida pela OFF RUSH, que só tenho a elogiar. É uma moto Européia feita para Enduro! Posição de pilotagem confortável, motor forte e controlável, ciclistica exelente e suspensões muito eficientes.
Nos primeiros quilômetros nas estradas entre as fazendas, me deparei com muita chuva que inundou tudo em 30 minutos e o dia virou noite, ficando com 30cm de água, não enxergava os sulcos dos carros. Fiquei impressionado com a facilidade de pilotagem nessa situação. Quando precisava acelerar, não era uma moto “arisca” que tende a sair de traseira, pelo contrário, ficava mais aderente e mantinha a trajetória sem muito esforço.  


Dicas: 
  • Regra: Não deixe porteiras abertas.
  • Existem porteiras que que são  verdadeiras “obras de engenharia”, se estiver muito dura a ponto de não conseguir abrir, pare e analise, tem um jeito prático de abrir, acredite.
  • No Mato Grosso do Sul não tem pedágios.
  • Não existem placas de informações e as fazendas são distantes umas das outras, por isso, não se aventure sem alguém que conheça a região.
  • Não corra o risco de entrar para as estradas das fazendas a noite.
  • O último ponto de abastecimento é em Rio Negro - MS, encha o tanque e galões.
  • Leve combustível reserva.
  • As pousadas tem número de hospedes reduzidos e só trabalham mediante reservas.
  • O consumo da moto aumenta muito nessas condições de terreno.
  • Acorde cedo na pousada e experimente o “quebra-torto” com os peões.