Explorando o Pantanal
O Pantanal ocupa grande parte da região centro oeste brasileira e também, partes de Bolívia, Paraguai e Argentina.
Com estimados 150.000 km2 divididos entre os estados de Mato Grosso (37%) e Mato Grosso do Sul (63%), essa planície com leve ondulação e poucos morros isolados, é limitada por chapadas, serras e maciços. Muito irrigada por uma grande quantidade de rios pertencentes a Bacia do Paraguai, tem com as chuvas do verão, grande parte de sua área inundada devido ao “encharcamento” do solo. Nessa época, devido ao acumúlo de águas, as planícies se juntam com as águas dos rios transformando grande parte da região em um imenso alagado, deixando o acesso por terra praticamente impossível.
Dividido em grandes fazendas com áreas do tamanho de cidades, a pecuária extensiva é a principal atividade na região, única que conseguiu se estabelecer com sucesso devido a força da natureza.
Micro-regiões
O Pantanal brasileiro está dividido em 11 micro-regiões, definidos como Pantanais de: Cáceres, Poconé e Barão de Melgaço na região do Mato Grosso e, no estado do Mato Grosso do Sul: Porto Murtinho, Paraguai, Nabileque, Miranda, Aquidauana, Abobral, Nehcolândia e Paiaguás.
Nesse roteiro, passamos por quatro deles: Nhecolândia, Abobral, Miranda e Aquidauana.
A fauna e flora
Com a chegada do inverno e a ausência de chuvas, o Pantanal começa a secar! É onde acontece a magia da vida.
As regiões alagadas formam imensas lagoas, verdadeiros berçários de aproximadamente 280 espécies de peixes. Essas lagoas, com a ausência de chuva, vão secando, se tornando mais rasas, atraindo mais de 600 espécies de aves que vão se alimentar fartamente. Isso tudo, sem contar as outras espécies: 90 de mamíferos, 50 de répteis e aproximadamente 1500 espécies de plantas.
A região é dividida em quatro estações distintas: seca (Junho a Setembro), enchente (Outubro a Dezembro), cheia (Janeiro a Março) e vazante (Abril e Maio)
A realidade pantaneira
As fazendas, algumas com sua pista de pouso particular, vivem em uma realidade muito diferente das outras regiões do brasil. Muitas ainda dependem da energia oriunda do gerador a diesel para fazer funcionar equipamentos básicos para nós como: telefone, geladeira, televisão, ar-condicionado, freezer, máquina de gelo, computador e, muito raro, até internet WiFi. Outras, mais simples ou isoladas, nem isso. É comum ao passar por algumas delas vermos uma “pequena casa” fechada de tela mosquiteiro com carne salgadas e penduradas em espécies de varais, literalmente secando.
Também é fato comum em uma fazenda sem energia, deixar um freezer na fazenda vizinha (50km) que possui energia para estocar ítens de sua necessidade. No Nosso roteiro, presenciamos esse fato onde, indicados por um pantaneiro, seguimos o rastro de seu quadriciclo de dois dias antes, quando o mesmo foi buscar uma barra de gelo no freezer do vizinho, para conservar a vacina do gado.
Em caso de necessidade, o hospital mais próximo está a muitas horas de carro, dezenas de porteiras ou, em casos mais raros, poucas horas de avião.
As comitivas
Comum encontrar com elas, surgiram com a necessidade de transportar o gado para fugir da extrema cheia ou extrema seca, outras, são formadas para conduzir o gado vendido/comprado de uma fazenda para outra, em viagens que podem durar meses! Sempre a frente, o cozinheiro vai como “ponteiro”, juntamente com suas mulas carregando as “tralhas” para preparar um Arroz Carreteiro, talvez um Puchero...no próximo acampamento.
Escola no Pantanal
Em poucas fazendas encontra-se crianças, devido a dificuldade ao acesso a educação, muitos abrem mão da vida pantaneira para proporcionar estudos aso filhos. São raras as fazendas que matém uma escola, em regime de internato, recebendo as crianças das fazendas vizinhas. Com um custo e responsabilidade elevados, dificuldades de encontrar professores e falta de apoio, fica cada vez mais difícil mantê-las.
O que fazer
Escolha as pousadas pelo caminho para passar alguns dias antes de seguir adiante, elas oferecem diversos passeios como cavalgada, observação de pássaros e animais, focagem de Jacaré, passeio de canos, além de exelente atendimento, ótimas instalações, comida de qualidade e uma ótima oportunidade de conhecer um pouco da história da região em uma “roda de Téréré”, antes de seguir viagem.
As estradas
Para quem sai de São Paulo, irá rodar aproximadamente 3200 quilômetros, desses, a maioria de asfalto muito bem cuidado, apesar de pista simples no Mato Grosso do Sul e aproximadamente 500 quilômetros em aterro, estradas de terra, areia e pasto. Quando sair do aterro para as estradas das fazendas, se prepare para muitas porteiras, simbras e colchetes, que, com as propriedades divididas por cercas, é a única maneira de seguir Pantanal adentro.
Os caminhos revelam surpresas o tempo todo: Veados, Porcos Monteiro, Catetos, Jacarés, Emas, Tatus, famílias de Capivaras, Tuiuius, Cabeças-Secas, Colhereiros, Araras, Garças, e, com um pouco mais de sorte como tivemos, uma Onça Pintada caminhando calmamente, enfim...é inesquecível!
As “estradas” que ligam as fazendas não se parecem com simples estradas de terra. As vezes são sulcos dos rodeiros dos veículos, outras só areia e algumas trilhas no meio do pasto. Como é pouco o movimento, é raro encontrar outro veículo e, informação, pode demorar quilômetros para conseguir.
Em alguns casos a estrada se ramifica. Devido ao nível da água ir mudando, caminhos alternativos vão surgindo, para levar ao mesmo destino, enfim, vários momentos de dúvidas surgirão!
Devido a baixa velocidade média, as distâncias demoram a ser vencidas. Para ter uma idéia, demoramos 10 horas para rodar 180km.
A aventura está garantida!
O primeiro destino é Campo Grande-MS, capital do estado, quase 1000km de São Paulo, que pode ser feito pela Rod. Castelo Branco até a saída 210 (para Botucatu) e siga pela Rod. Prof. João Hipólito Martins, depois pegue a saida 20 B (Bauru) para a Rod. Marechal Rondon. Siga até a divisa SP/MS em pista dupla pela Rod. Marechal Rondon e depois, em pista simples, Três Lagoas (MS) totalizando aproximadamente 670 quilômetros. Depois rode mais 330 quilômetros aproximadamente, passando por Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Campo Grande. De Campo Grande, siga para Rochedo (MS-080) e (MS-244 e MS-352) para Rio Negro, totalizando 150 quilômetros. Daí para frente começa a estrada de terra, serão aproximadamente 63 quilômetros até o Corixão e mais 26 quilômetros até a saída do aterro para as estradas das fazendas. Daí em diante é prudente ter um guia que conheça a região para depois de alguns dias e mais 350km aproximadamente estar chegando a Curva do Leque e começar a retornar para São Paulo.
O retorno pode ser por um caminho diferente: Da Curva do Leque segue para Miranda, Aquidauana e Terenos pela BR-262 e depois, pelo anel viário, siga para Nova Alvorada do Sul (BR-163) e BR-267 para Bataguassu. Em seguida cruze o rio para Presidente Epitácio e siga pela Rod. Raposo Tavares passando por Presidente Prudente, Assis, Ourinhos e Rod. Pres. Castelo Branco direto para São Paulo, totalizando 1250 quilometros aproximadamente.
Onde ficar no Pantanal
Pousada Caburé: www.pousadacabure.com.br
Hotel Fazenda Baía das Pedras: www.baiadaspedras.com.br
A moto
A moto usada nesse roteiro foi uma Sherco 450 ano 2012 gentilmente oferecida pela OFF RUSH, que só tenho a elogiar. É uma moto Européia feita para Enduro! Posição de pilotagem confortável, motor forte e controlável, ciclistica exelente e suspensões muito eficientes.
Nos primeiros quilômetros nas estradas entre as fazendas, me deparei com muita chuva que inundou tudo em 30 minutos e o dia virou noite, ficando com 30cm de água, não enxergava os sulcos dos carros. Fiquei impressionado com a facilidade de pilotagem nessa situação. Quando precisava acelerar, não era uma moto “arisca” que tende a sair de traseira, pelo contrário, ficava mais aderente e mantinha a trajetória sem muito esforço.
- Regra: Não deixe porteiras abertas.
- Existem porteiras que que são verdadeiras “obras de engenharia”, se estiver muito dura a ponto de não conseguir abrir, pare e analise, tem um jeito prático de abrir, acredite.
- No Mato Grosso do Sul não tem pedágios.
- Não existem placas de informações e as fazendas são distantes umas das outras, por isso, não se aventure sem alguém que conheça a região.
- Não corra o risco de entrar para as estradas das fazendas a noite.
- O último ponto de abastecimento é em Rio Negro - MS, encha o tanque e galões.
- Leve combustível reserva.
- As pousadas tem número de hospedes reduzidos e só trabalham mediante reservas.
- O consumo da moto aumenta muito nessas condições de terreno.
- Acorde cedo na pousada e experimente o “quebra-torto” com os peões.
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