Pico do Gavião - Andradas - MG
Um final de semana de
carnaval e eu querendo distância disso, uma ótima opção foi pegar a moto e explorar alguns lugares
diferentes. Sob chuva, partimos para o interior paulista, mais especificamente,
para a região de Mogi Guaçu-SP, distante aprox. 170km de São Paulo e próximo a
divisa com o sul de Minas Gerais. Como
estávamos com moto on-off road, decidimos explorar essa vantagem nas
estradas de terra em busca de paz e natureza e na torcida para o tempo abrir.
De Mogi Guaçu-SP temos
algumas opções de estradas secundárias para explorar. Muita terra e pouco
asfalto, essa era nossa meta a partir daí. Para chegar ao início desse caminho que
percorremos, siga sentido o bairro da Roseira em Mogi-Guaçu, o asfalto acaba
nesse bairro e depois siga para Esp. Santo do Pinhal. Detalhe, não tem placas
informando o caminho, tem que ir perguntando.
Por estradas de terra
acompanhamos a mudança de relevo que já era visível ao horizonte. Quanto mais
avançávamos menos carros e terreno plano encontrávamos. E tudo sob chuva, o que
deu um “tempero especial”. Não tínhamos poeira, mas barro....tinha para todo
tipo de gosto.
Passamos por
plantações de café, cana-de-açúcar, eucalipto, laranja e pecuária de corte e
leiteira. Uma região muito bonita com construções antigas, vegetação exuberante
e um relevo bem acidentado. Devido a chuva, muitos pontos estavam
intransitáveis para os carros, mas, de moto foi emocionante. Chegamos a Esp.
Santo do Pinhal-SP, uma cidade que nos áureos tempos, foi muito importante na
produção de café e hoje, além de continuar com muito café, ainda tem uma
Faculdade com várias opções de cursos. “Pinhal”, como é conhecida na região, é
uma cidadezinha bem tranquila, típica de interior com praça, coreto e Igreja. O
povo é bem simpático e tranquilo. Demos uma volta na praça principal e seguimos
em direção a Gramínea, um bairro de
Andradas, já em Minas Gerais. Depois seguimos para Andradas, tudo por vias
secundárias. Algumas bifurcações nos fizeram perder algum tempo pois não tem
sinalização e, devido a chuva, ninguém na estrada. Mas, quando encontrávamos
alguém perguntávamos sobre o nosso destino.
Entre Gramínea e
Andradas-MG, passamos por algumas vinícolas. Uma nos chamou a atenção: a Vinhos
Campino. Uma entrada delineada com Palmeiras nos levou a entrar para dar uma
olhada. Com uma pequena trégua da chuva, além de um belo restaurante, vimos ao chegar, um grupo de turistas sendo
acompanhados por uma guia da vinícola para um passeio pelas dependências do
local. Bem no estilo das vinícolas do Sul do país. Como tínhamos muita lama
pela frente, seguimos adiante.
O roteiro foi uma boa
escolha. Apesar da chuva que quase não deu trégua, o caminho é muito agradável
com subidas, descidas, paisagens lindas, propriedades muito bem cuidadas e
pouquíssimo movimento. No roteiro todo, tirando as partes urbanas, cruzamos com
menos de 15 carros! Uma tranquilidade!!
Chegamos em
Andradas-MG, uma cidade já bem estruturada e palco de vários campeonatos de
Asa-delta e Paraglider. E o “point” é o Pico do Gavião, local conhecido
mundialmente pelos praticantes desses esportes. Seguimos para lá depois de
darmos uma volta para conhecer a cidade e fazermos uma parada para um lanche.
Saindo de Andradas sentido Poços de Caldas, pegamos a estrada de asfalto para
subir a serra e depois de alguns quilômetros vimos uma placa indicando Pico do
Gavião a esquerda. Ao entrar nessa estrada vimos que a coisa iria ficar “boa”.
A estrada parecia um....não....não parecia estrada...era uma lamaçal que, só de
olhar já escorregava. Seguimos com muito cuidado, escorregando para todos os
lados. Subidas e descidas para todos os gostos. Com água, com pedra, com
buraco, enfim, foi um show!! Com muito cuidado chegamos a um riacho que corta a
estrada. A água chegou a altura do motor! Depois , seguimos mais um pouco e
chegamos ao portal do Pico do Gavião. Os pneus estavam lisos! Era um barro só.
Continuamos subindo e, em um determinado momento, a subida está calçada e asfaltada
para tornar possível a subida de carros, algumas centenas de metros depois, finalmente
chegamos!
Do Alto do Pico do
Gavião, onde existe uma lanchonete, uma base com rádio, internet sem fio e as
rampas para o salto, temos uma visão de 360 graus da Serra da Mantiqueira. Como
estava chovendo não conseguimos ver muito, mas a sensação de paz e
tranquilidade são indescritíveis, isso sem contar a natureza exuberante da
região. Quando o tempo está aberto, a vista é incrível. Pode-se visualizar 4 a
5 cidades da região! Saímos do Pico do Gavião, toda a subida lisa agora virou
descida e num descuido, o Frank, meu companheiro na aventura, foi parar no
barranco. A traseira da moto deslizou como se estivesse passado no óleo. Foi
ele e moto para a lama. Felizmente nada sério aconteceu e continuamos a descer
com destino a Águas da Prata – SP, distante segundo uma placa logo na saída do
Pico, 12km. Na verdade não são 12km para a cidade, são quase 20. Uma descida
só! Muita lama e muito lisa para diversificar um pouco. Esse trecho faz parte
do famoso Caminho da Fé, encontramos várias placas sinalizando o caminho. Tem
que ter fé mesmo para enfrentar esse caminho!
Ao final, chegamos a
Águas da Prata, e nada melhor do que experimentar uma pamonha, um curau, um
suco de milho, entre outras coisas mais que são a marca registrada do local.
Inúmeras barraquinhas oferecem os derivados do milho além de salgados e
refrigerantes. Sem contar a possibilidade de beber água diretamente da fonte!
Os macaquinhos fazem a alegria dos turistas, que ficam encantados com suas
acrobacias em busca de um aperitivo.
De Águas da Prata, o
destino é voltar para São Paulo. Logo na saída da cidade, a Policia Rodoviária
nos parou para checar documentos e anotar nossos dados, uma atitude que nos deu
segurança e que ajuda a reprimir os roubos. Enquanto estávamos parados, não
passou uma moto sem ser parada.
Na volta a chuva
ajudou a limpar as motos e nossas roupas, que estavam cobertas de lama. Durante
a volta todo o roteiro feito passava pela minha cabeça, como se fosse um filme.
Na verdade um capítulo de uma série pois, a necessidade de estar fora da “Selva
de Pedra” é grande! É minha terapia!! Nos vemos na próxima!
Dicas:
As distâncias entre as
cidades são relativamente curtas, mas, preventivamente saia de tanque cheio de
Mogi-Guaçu que conseguirá fazer todo o trajeto sem problemas.
Programe-se para sair
de Mogi Guaçu de manhã e, para ser um passeio tranquilo, pode-se dormir em
Águas da Prata antes de retornar a Capital (se for o seu caso).
Cuidado com os animais na estrada, é normal
encontrar galinhas, porcos e cachorros durante o trajeto, eles podem render um
susto ou um tombo.